quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Para quem quer aprender a gostar

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Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor!
Ou faça o seu amor ser ou ficar bonito.
Aprenda a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.
Tenho visto muito amor por ai.
Amores mesmo, bravios, gigantescos,
descomunais, profundos, sinceros,
cheios de entrega, doação e dádiva.
Mas esbarram na dificuldade de se tornarem bonitos.
Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados,
tratados com carinho, cuidado e atenção.
Amores
levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
Aí esses amores que são verdadeiros,
eternos e descomunais
de repente percebem-se ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos:
cobram; exigem; rotinizam; descuidam;
reclamam; deixam de compreender;
necessitam mais do que oferecem;
precisam mais do que atendem;
enchem-se de razões.
Ter razão é o maior perigo do amor.
Quem tem razão se sente no direito de reivindicar,
de exigir justiça, equidade, equiparação
sem atinar que quem está sem razão
talvez passe por um momento de sua vida
no qual não possa ter razão.
Nem queira.
Ter razão é um perigo:
em geral enfeia o amor,
pois é invocado com justiça,
mas na hora errada.
Amar bonito é saber não ter razão.
E é saber ter razão.
Jogue pro alto todas as jogadas,
estratagemas, golpes, espertezas
sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido);
seja apenas você no auge de sua emoção e carência,
exatamente aquele você que a vida impede de ser.
Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs.
Falando besteira, mas criando sempre.
Gaguejando flores.
Sentindo o coração bater como quando esperava Papai Noel
e temia vê-lo.
Revivendo os carinhos que instituiu em criança.
Sem medo de dizer eu quero,
eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito,
ou fazer bonito o seu amor(...).
Se o amor existe,
seu conteúdo já é o manifesto.
Não se preocupe, pois, com ele e suas definições.
Cuide do cuidado...
Cuide de Você.
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do próprio amor e assim tentar fazer o outro feliz.

(Artur da Távola: Alguém que já não fui.)
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